Um Macaco Fonia

Um Macaco Fonia

Observação: esta é uma história que não segue nenhum tradicional quesito. Exceto os do próprio autor, que é um tanto ex-quesito.

Camba, ilhota situada ao sul do Mar Ijuana, é um lugar sui generis. Não obstante uma feliz cidade, alguém demente sandice que nunca moraria lá. Coisas estranhas vivem acontecendo. Um diagrama é verde. Noutro dia talagada. Declaro apenas o mar desse local lendário. Quem tenta entender a conversa dos habitantes janota algo estranho:
Benjamin (às criancinhas): Que couve destilado da ilha?
Escaravelho (agora um cara novo): Não sei, canso divergente aqui computador...
Benjamin: Seria por causa desta grande pedra?
Escaravelho: Pode ser, muita gente escorregadela.
Benjamin (já esquecido das criancinhas): Por isso tanta gente acamada...
Cabo Tino (chegando): De que camada vocês estão falando?
Benjamin: Dessa pedra aqui. Só é segura na parte grossa. Mas todos se dirigem parafina. Eu, por exemplo, toda vez que ando lacaio. Não há um que não furibunda. Há inclusive um depauperado, o Rolando Rocha. Já foi em costado. Antes ninguém dava a aposentadoria. Agora baseado numa lei já dão. Dizem até que a companheira...
Escaravelho: Consorte...
Benjamin (afastando as criancinhas): Isto. Com sorte ainda consegue que de alguma forma deleite. Pobre Rolando. Logo ele, que costumava até filarmônica...
Cabo Tino: Bem que sentinela alguma disfarçada tristeza. Se bem que aquela até meu manufatura. Não soldado a comentários maldosos, mas sempre senti que Mônica tem jeito divulgar. Sabe aquele ator famoso?
Benjamin: Qual, o ator Doado? Casado com aquela atriz, Tonha?
Cabo Tino: Não, o ator Mentado! Dizem que com ele também. Aliás, ela não pode ver um astrolábio que já quer beijar...
Benjamin (pensativo): É consentimento que ouço tudo isso. Apesar dessa moça viver concílio postiço, é muito bonitinha. Ainda nem se verruga no rosto dela. Não viu maestria. Nem espinha, nem ex-cravo. Vai ver é por isso que a turma...
Escaravelho (totalmente fora de si): Espera lá. De turma, também não! Aí já é exagero! Quando é só um, ela faz de tudo. Mas se chega a bando, nada! Essa é boa!
E saiu falando sozinho:
- Um a um tudo bem! Mas turba...
Um anão que passava pelas redondezas, se assustou:
-O nanismo é pecado?
Benjamin para o Cabo Tino: É rapaz, pelo jeito alguém continua a mala...
Chega o Louro.
Louro: E aí? Ninguém mais aparece, ninguém mais me liga...
Cabo Tino: Mentira. Eu desde que te vitiligo. Você é que não atende.
Louro: Tá bom, tá bom. Sobre o que vocês estavam falando?
Benjamin (disfarçando): Sobre acidente aqui na ilha.
Louro: Ah, se dente é a questão, é só falar com o meu avô.
Cabo Tino: Quem, o seu vô calista?
Louro: Não, o meu vô dentista, e vi dente! O que concorreu a prefeito, mas é ruim devoto.
Benjamin (maldosamente): Aquele que não atende boca mole, só mexe embocadura? Aquele quibebe, pega o carro e sai a catapulta por aí?
Louro: Também não é assim, Benjamin! Tá vendo? Você fica falando dos outros desse jeito, depois não sabe por que o pessoal tigela! Tô falando do meu vô, poxa! O pai de quem megera! Eu não devia mais falar com você, depois de tudo que tem tumefeito!
Benjamin: Tá bom, desculpa. Não falei por mal. É que todos na ilha já sabem de corado onde resolver seus problemas. Sedentário, só pode ser com seu avô. Com a vantagem de que fez o juramento e ainda tanajura. Ele nem discute provento!
Louro: Pra falar a verdade, já anda discutindo convento, sim. Também, tá com 78 anos! Anda ficando perigoso sair de casa com o velho. Já disse lá pra mãe: quer deixar o velho sair a pé, deixa. Macarronada! Mês passado passou assim das árvores! Não consegue nem mais vergalhão! Qualquer dia, vamos ter que usar a padecimento, coitado.
Benjamin: Falar nisso, vocês viram que coisa absurda essa nova lei? O próprio sujeito que vai usar o tu mulo vai ter que cavalo.
Cabo Tino: Achei absurdo, mascavo. É triste que morra, masmorra decentemente. Daqui a pouco vão obrigar a embalsamar.
Benjamin: Falando em balsa ao mar, lá vem o polaco! Esse sempre foi moleza domar. Se pudesse no marmoraria.
Cabo Tino: E não sabe que já andou memorando mesmo?
Benjamin: É um marista. Equivalente!
Cabo Tino: O problema é a asma do polaco. Vive no marasmático.
Benjamin: É mesmo. E já diz o ditado: “Miasma tu asma”.
Louro (tirando meleca do nariz): Sorte que é bom pescador!
Benjamin: Eca, louro!
Louro: Não, é veterano. Olha que de marmanjo!
E para o polaco:
-E aí, polaco? O que é que trouxe da pescaria? Aceita escambo?
Polaco: Aceito o escambau! Se algodão, algo dou em troca. E temporada de coisa aqui. Tem até siri.
Louro (agora tirando da mochila uma flauta): Quer trocar a flauta pelo siri?
Polaco: Não, no sirigaita. Pela flauta te dou o polvorosa.
Benjamin e Cabo Tino (rindo): Esse sotaque do polaco...
Polaco: Eu sei, é engraçado. Vai ver é por isso que todo mundo no mercadoria quando eu passava. Até quem tava no cantoria.
Louro: Escuta polaco, não tem aí provocação?
Polaco: Não, cação tá em falta. Mas pro vô tem...
Cabo Tino: Ei, que cheiro de gás é esse?
Benjamin: É o mau metano da vizinhança. Vive tomando chá-mate. É um chamativo. Não tá vendo que caracu?
Cabo Tino: Caraoquê?
Louro: Caramba!
Polaco: Carambola! Escuta, e pôster, ninguém vai querer comprar?
Louro: O que tem no pôster? Mulher pelada? Algo que motive?
Polaco: Não, no postergado.
Louro (perdendo o interesse): Ah!... Isso nem louco motiva.
Polaco: Então com precaução.
Louro: Não, obrigado, calção já tenho.
Benjamin: Olha lá, pessoal! O futucar, o carro do futuro. Viram como passou rápido? Que fugacidade!
Cabo Tino: Eu só violento passando. E na fuga à roça, pelo jeito...
Louro: Pessoal da roça cansou da vidinha. Agora para eles só interessa servidão. A vida laqueadura! Carroça do jeito que tá, vamos ter que viver só de pescado.
Polaco: Oba!
Benjamin: Chega de conversa, pessoal. Não esqueçam que aqui eu é que sou o “boss”, tá bom?
Cabo Tino: Já sabia: mostarda mas não falha...

Moral da história: “Em cabelo de Medusa nada dá jeito, a não ser pente”.

Marfim


 
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