Apodecimento
Ensejo. Ensejo Wittenschopel (o sobrenome não importa).
A mãe, questionada sobre a origem (do nome, não do menino, o que a teria ofendidíssima) explicou, com seu jeito interiorano (caixapreguenses se orgulham de sua natureza campesina) que sua intenção foi tornar o pequeno rapaz, veja você - isso é inédito nas mães - alguém importante, já que ela, exceto pelo fato de ser mãe do Ensejo, não o era exatamente (importante, quero dizer, acho que me acompanha).
Explica a madralga (aqui usado como o oposto de fidalga, claro esteja) que na sua juventude costumava freqüentar reuniões parlamentares nas cidades mais importantes do Estado, na qualidade de Oficial de limpeza e Prestadora de pequenos serviços.
E ali, conta embevecida, sempre ouvia os cidadãos mais distintos se referirem ao que se seria o futuro nome do seu filho:
-Quero aproveitar aqui o Ensejo...
-Aproveitando o Ensejo...
Que proveito tem esse Ensejo, pensava ela. Deve de ser alguém importante, qualificado, pensava, ainda que gramaticalmente incorreta.
Foi então que, ao nascer seu primogênito (pobre também tem primogênito, mas o chama carinhosamente de “primeiro filho”), o nomeou, como já imaginamos, “Ensejo”.
-Mas, e o pai? - quis saber, tentando aliviar sua barra (a dele). Concordou com o nome?
-Concordou, respondeu. Quer falar com ele?
-Quero, respondi só por educação.
-Casião! – deu um grito da pequena sala. Tem um moço aqui querendo falar com você! Aproveita, ô Casião, e pede pra ele alguma coisa!