Um Macaco Fonia

Feitosa

Ela encontrava-se muito ansiosa naquele dia.
Suas mãos, trêmulas, massageavam o seu colo nervosamente. Iam de um seio a outro num movimento ritmado...
Espere: não estava tão ansiosa assim! E depois, massagear os bicos dos seios nunca foi sua maneira de demonstrar ansiedade! O que estaria havendo?
É claro! Só podia ser ele!
Feitosa, o bolinador maluco!
Seu esposo, ao sair do banho, passava o desodorante roll-on delicadamente em suas axilas. Dali, percorria seu tronco peludo, descendo em direção à virilha num vai-e-vem, até que... Espere! Tronco, virilha? “Desodorante roll-on”? Fabrício só utilizava spray! Não é possível! Seria ele também?...
Feitosa, o bolinador maluco!
O casal Lacerda, no cinema, a princípio achara normal pessoas passando por detrás de suas poltronas, ocasionalmente encostando, roçando suas partes pudendas nas suas cabeças.
Mas, de novo, esperem: há apenas uma pessoa passando, agitada, de um lado para outro. Quem?
Ele: Feitosa, o bolinador maluco!
E ali, no açougue da esquina, quem seria aquela pequena figura agachada por detrás do gélido balcão frigorífico alisando, apalpando, beliscando, dando leves tapinhas numa descuidada picanha?
Vamos lá, digam juntos, agora todos sabem:
Feitosa, o bolinador maluco!
Na sapataria, como frentista, no disk-pizza, como enfermeiro numa UTI, ou mesmo no outdoor em frente ao seu apartamento, cuidado! Estejam atentos! Sempre poderá haver um Feitosa – o bolinador maluco – à sua espreita.


 
Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.