Um Macaco Fonia

Venerando

Quando jovem, lembro de ter pego doença venérea. Na primeira enxadada, uma minhoca. Constrangedor. Mais constrangedor na esfera sexual, apenas o fato da minha mãe me obrigar a andar pra todo lado carregando uma camisinha. Não importava o pequeno detalhe de que eu ainda não estivesse transando. Demorei muito para começar a transar. Praga da primeira camisinha. Ainda tenho ela guardada como recordação numa gaveta lá de casa. Que nem a primeira moeda do Tio Patinhas, só que ao contrário.
Mas voltando à doença venérea: constrangedor, como já disse. Não tanto pela doença, facilmente tratável com uma poção ácida aplicada diretamente na vítima (meu órgão genital, no caso). Mas pelo nome da “bicha”: “crista-de-galo”.
Ficava imaginando uma conversa entre amigos de escritório:
-Cara, peguei “crista-de-galo”.
-Hum, não brinca. Meu irmão teve. Dois meses pra sarar. Aquela coisinha amarela...
-Que coisinha amarela?
-Ué. Não é dessa que sai um puzinho?
-Não – diz um outro, se metendo na conversa. –Aquela do puzinho é o “rubi-da-Índia”.
-Rubi? Mas rubi não é vermelho? O que é que tem a ver com puzinho?
-Sei lá. Vai ver que tem sangue no final. Não me pergunte que eu nunca peguei. Quer dizer... já peguei foi “fogo-do-mato”.
-“Fogo-do-mato” é brabo. Aquelas casquinhas, aquele desejo de coçar tudo no meio da reunião...
-Não, rapaz, essa daí é a “pingo-de-abelha”.
-“Pingo-de-abelha”? Como é que você sabe?
-Minha tia teve “pingo-de-abelha”. Por isso tá até hoje solteira.
-Ach!...


 
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