Um Macaco Fonia

Coisas Vans

-Nico!
-Peçanha! É Nilo.
-O que?
-Meu nome. Nilo.
-Claro. Nilo. Nós o chamávamos “a oitava praga do Egito”.
-E você, “Peçonha”: comentários maldosos.
-E aí, como é que vai a Vanda? Coincidência. Foi aqui neste mesmo supermercado que tudo entre vocês começou.
-Terminamos.
-Não diga! Vocês viviam grudados...
-Nos últimos tempos faltava gente para apartar.
-Dois pombinhos, sempre apaixonados, era o que ela dizia.
-Quer que eu morra como um passarinho, apedrejado, é o que ela agora diz.
-Chamávamos de “casal 20”!
-Numa escala de 0 a 100 podia até ser...
-Que coisa! E vocês viviam fazendo planos...
-Os de saúde e previdência privada continuam com ela.
-Uma moça tão legal...
-Por isso contratou dois advogados.
-Tão dedicada...
-Dedilhada, você quer dizer, né?
-E olha, te considerava um semideus, hein?
-É. Ultimamente era uma “cê me dá”. “Cê me dá isso”, “Cê me dá aquilo”...
-Não brinca!
-Não brinco. Mas anel, colar, pulseira, eticétera. Até nosso Yorkshire ela queria que dividíssemos ao meio.
-Sei. Mas, e agora, Nico, sozinho?
-Não exatamente.
-Como assim? Ah, já sei! Anda pegando todos os brotinhos que pode...
-Mais ou menos.
-Leva pra dar uma voltinha...
-É isso aí.
-Malandro, hein?
-Não, motorista de van escolar, mesmo...


 
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