Sim, porque não há como convencê-los
a adotar o nosso salvador: muito baixinho, alegam, quando entrevistados a
respeito, talvez atentos ao fato de que citar diferença de cor poderia parecer
politicamente incorreto.
E de fato, a tribo é constituída
essencialmente de negros muito magros, com mais de dois metros de altura, o
que, somando aos seus hábitos alimentares – alimentam-se somente de pequenas
frutas parentes das nossas guabirobas, retiradas das copas das árvores com os
próprios dentes, que mastigam com ruidoso gingado dos maxilares, além de um
eventual guisado de fígado de mamíferos menores – torna difícil o contato com
outros povos.
O povo umalacunense adota, então, um
calendário próprio. Ainda contam os dias de trás para frente, vivem os anos
A.S.L.Q.F: “Antes de Seja-Lá-Quem-For”, visto que não têm a menor idéia do nome
daquele que virá para salvá-los. Só torcem para que seu redentor não comece com
a letra C, pela evidente confusão que iria provocar com o outro, mais famoso.
Ao agendar um vôo (aconselhamos
fortemente que não o faça) partindo do Brasil para essa região inóspita,
lembre-se então de que deverá somar quatro horas e meia da diferença de
longitude e, a partir daí ir descontando retrogradamente cada segundo do seu relógio.
Só não chegue atrasado a
compromissos. Pontualidade é sagrada para essa gente. Tornou-se famoso o
incidente diplomático envolvendo um grupo de empresários norte-americanos que
se atrasou para uma reunião com políticos locais. Felizmente, após meses de
negociação, deram-se por satisfeitos de terem sido libertados praticamente
ilesos.
Afinal, pra que precisam de fígado?
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